Os Altares
Toda religião tem seu altar, onde estão imagens, símbolos, ícones ou elementos indispensáveis à sua liturgia.
Por liturgia, entendam como o conjunto de recursos ou “artigos” indispensáveis às práticas religiosas.
Bom, o fato é que os altares não existem só porque alguém inventou um e depois todos os copiaram, só modificando os elementos distribuídos neles. Não mesmo, sabem?
Sim, porque nós bem sabemos que um altar tem como principal função a de criar todo um magnetismo de nível terra, através do qual as irradiações verticais das divindades descerão até ele, e a partir dele, continuarão fluindo na horizontal, ocupando todo o espaço destinado às práticas religiosas que serão realizadas diante dele, e em nome das divindades cultuadas e nele assentadas.
Um altar é um ponto de forças religiosas e, se devidamente erigido e fundamentado, através dele as irradiações das divindades alcançarão todos os fiéis postados diante dele.
Nós, ao contemplarmos o altar de um templo de Umbanda Sagrada, vemos imagens de santos católicos, de divindades naturais, de anjos, arcanjos, caboclos, pretos velhos, crianças, sereias, etc.
Para um leigo no assunto, a miscelânea religiosa não tem uma explicação lógica, pois junta elementos de diferentes religiões num mesmo espaço religioso, quando o mais comum é as religiões banirem de seus templos todo e qualquer elemento estranho a ela ou pertencente a outras, certo?
Mas a Umbanda é uma síntese de todas as religiões, e todas reunidas num mesmo espaço religioso.
Portanto, nela estão presentes correntes de espíritos hindus, chineses, persas, árabes, judeus, budistas, dóricos, egípcios, maias, incas, astecas, tupis-guaranis, ... e cristãos!
E cada corrente espiritual se formou sob o manto luminoso da religião, à qual seus membros formaram sua crença no Deus único e nas suas divindades humanizadas, para melhor falarem dele aos seus filhos.
Cada linha de trabalho do Ritual de Umbanda Sagrada é regida por um Orixá intermediador, que também pode ser um espírito assentado nas hierarquias naturais pelos senhores Orixás intermediários, que os tem no grau de seus intermediadores para a dimensão humana da vida, que é onde os seres espiritualizados (nós) vivem e evoluem.
Então os médiuns, todos com alguma formação cristã, colocam Jesus Cristo, um Oxalá intermediário humanizado, como o pontificador de seu altar, distribuindo mais abaixo as imagens dos santos sincretizados com os outros Orixás.
O sincretismo explica o uso de imagens cristãs, e o fato de que muitos espíritos que incorporam nos seus médiuns terem evoluído sob a irradiação do cristianismo as justifica. Assim como a imagem de “caboclos” índios ou soldados “romanos” (linha dórica) são explicadas como sinalizadoras de que ali baixam mentores espirituais cuja formação religiosa processou-se sob a irradiação de outras religiões.
E o uso de cristais, minérios, flores, colares de pedras semipreciosas, armas simbólicas, símbolos mágicos, etc., explica que muitas linhas de forças intermediárias, intermediadoras ou espirituais ali estão representadas, ativadas e prontas para intervirem em benefício de quem for merecedor do auxílio dos espíritos ou dos Orixás.
Os fundamentos religiosos e mágicos de um altar, só mesmo quem o erigiu pode explicá-lo. Mas o fundamento divino que justifica a existência deles nos templos, é esta:
— “Todo altar é um local onde, se nos postarmos reverentes diante dele, estaremos bem de frente e bem próximos de Deus e de suas divindades humanizadas”.
Mas existem altares naturais que são locais altamente magnetizados ou são vórtices eletromagnéticos, cujo magnetismo e energia criam um santuário natural que, se o consagrarem às práticas religiosas, neles as pessoas entrarão em comunhão com as divindades naturais regentes da natureza.
Saibam que o culto junto a elementos da natureza, onde são tidos como potencializadores da fé das pessoas não é um privilégio do Candomblé ou da Umbanda, pois todas as religiões os tem. Vamos a alguns locais:
— Islamismo: culto à Caaba ou pedra fundamental da religião islâmica.
— Judaísmo: culto à Montanha Sagrada onde Moisés recebeu de Deus os Dez Mandamentos.
— Religião Grega: Monte Olimpo.
— Taoísmo: Montanhas Sagradas.
— Budismo: Montanhas Sagradas.
— Hinduísmo: Rio Ganges, e muitos outros pontos da natureza.
— Xintoísmo: Monte Fuji (Japão), montanha sagrada e símbolo religioso nacional do povo japonês.
— Naturalismo Inglês: Stonehenge, santuário natural construído por gigantescos monólitos, com datação de uns 3.000 anos antes de Cristo.
— Hunas: Havaí, Kilauea, o vulcão sagrado.
— Cristianismo: Monte das Oliveiras e a Colina do Gólgota.
Bom, paramos por aqui, pois como viram, toda religião tem seus lugares sagrados ou santos.
Umas vivem a criticar ou renegar as práticas das outras, mas algo superior conduz todas aos seus fundamentos “naturais” onde as pessoas associam locais com poderes supra-humanos e os tornam santuários ou altares a céu aberto, onde cultuam Deus e suas divindades.
A Umbanda, porque derivou dos cultos de nação (Candomblé) e fundamenta-se nos sagrados Orixás, os quais (corretíssimo) regem os elementos e a própria natureza, com a qual são associados, não dispensa seus santuários naturais.
Assim, a montanha é o santuário natural de Xangô e uma pedra-mesa é um altar, onde o oferendam.
- Os rios são o santuário de Oxum, e uma cachoeira é um seu altar, onde é oferendada.
- O mar é o santuário de Iemanjá, e a praia é seu altar, onde é oferendada.
- As matas são o santuário de Oxossi, e um bosque é o seu altar, onde é oferendado.
E com todos os outros Orixás o mesmo acontece, pois são os regentes naturais do nosso planeta e antes de surgir qualquer religião eles já o regiam, e sempre o regerão, assim como nos regerão, pois somos seus filhos naturais.
Portanto, antes de criarem os templos e seus altares, já reverenciavam as divindades e cultuavam o divino diante de seus altares naturais localizados em seus santuários, que é a própria natureza.
As Imagens
As imagens sacras são tão antigas quanto as religiões, e têm o poder de impor um respeito único aos frequentadores dos templos, onde são colocadas justamente com a finalidade de induzir as pessoas a uma postura respeitosa, silenciosa e reverente.
Saibam que na antiguidade mais remota as pessoas cultuavam os poderes do desconhecido mundo espiritual através da:
- litolatria (culto das pedras tidas como sagradas),
- fitolatria (culto à árvores tidas como sagradas),
-hidrolatria (culto à rios ou lagos tidos como sagrados), etc.
Uma divindade era identificada com um elemento da natureza, e através dele a cultuavam.
Este hábito era comum a todos os povos espalhados pela terra, ainda na idade da pedra. E com o tempo também foi aparecendo o culto a algumas pessoas tidas como superiores. Só porque realizavam fenômenos mediúnicos ou prodígios magísticos, à volta delas criava-se toda uma mística que, mais dias menos dias, as divinizavam. Então eram “entronadas” como deuses. E seus seguidores, após sua morte, abriam o culto a elas, pois acreditavam que seriam amparados, dando início ao culto às figuras deles entalhadas em pedras ou troncos (totemismo).
Com o tempo as técnicas de entalhe foram sendo aperfeiçoadas e estátuas muito parecidas com os falecidos “incomuns”, começaram a ser feitas em série pelos artesãos de então, surgindo a antropolatria (culto a pessoas tidas como “deuses” ou divinizadas ainda em vida na carne).
Vide Jesus Cristo, Buda, São Francisco, etc., que, ainda encarnados, já eram reverenciados pelos seus seguidores como pessoas portadoras de dons divinos e de mensagens religiosas poderosas.
Saibam que isto é verdade no caso das pessoas em questão, pois Jesus Cristo fundou uma magnífica religião e a tem sustentado com sua mensagem divina e com o poder que manifesta de si mesmo, pois é um genuíno filho unigênito (nascido único) de Deus Pai. E o mesmo se aplica ao Buda, também um filho unigênito de Deus.
Com isso explicado, então que fiquem cientes que o culto ou a postura reverente diante de imagens sacras é um recurso humano muito positivo, pois elas despertam nas pessoas o respeito, a reverência, a fé e a religiosidade. E Deus não pune ninguém por orar ao seu santo e fazer promessas (desde que as cumpra), assim como não vira o rosto se alguém ajoelhar-se diante da imagem de um santo ou de uma divindade para clamar por auxílio, pois ambos respondem, mesmo, a quem tem fé em seus poderes e ajudam segundo o merecimento de quem os evocou. E até realizam milagres, caso o Altíssimo lhes ordene. Certo?
Ou vocês acham que só Jesus Cristo é um Trono de Deus que humanizou-se e espiritualizou-se para melhor se fazer entender pelas pessoas?
Saibam que Deus Pai fala aos homens através dos homens, e também costuma responder aos nossos clamores através de suas divindades, sejam elas naturais ou espiritualizadas.
Os que condenam a idolatria, não fogem à regra e pratica a:
- “símbololatria” (reverência à símbolos sagrados) ou a
- “verbolatria” (respeito, obediência e sacralização de frases cuja mensagem é religiosa e despertadora da fé dos seus crentes).
As aspas são nossas, pois acabamos de criar estas duas palavras, já que muitos cabalistas creem, corretamente, no poder dos símbolos sagrados, e muitos creem no poder de certas frases, mantras, orações, etc.
Saibam que, num determinado nível vibratório, tanto os símbolos sagrados quanto as palavras sacras têm, realmente, ressonância magnética e sonora que ativam mistérios de Deus e poderes de suas divindades.
Logo, caso alguém aprecie as imagens sacras, então não precisa temer a ira divina, pois Deus não mede nossa fé através da forma como a externamos, mas sim através da sua intensidade e do nosso respeito e reverência diante de símbolos sacros.
Além do mais, que diferença há entre uma imagem de Jesus Cristo, que em seu silêncio nos está dizendo tudo o que precisamos ouvir e está nos mostrando em si mesmo tudo o que precisamos ver para segui-lo rumo ao Pai, e a oratória inflamada de um pregador que, brandindo seu livro santo, ameaça seus seguidores com o fogo do inferno caso não sigam à risca o que nele está escrito?
Não sabem?
Bom, então nós respondemos, dizendo isto: uma imagem sacra de Jesus Cristo, no seu silêncio “religioso”, fala ao nosso íntimo e nos faz vibrar amor e fé. Já o pregador inflamado, com seus berros e suas ameaças, apenas desequilibra o emocional de quem o ouve, e com seus gestos radicais apenas desperta o medo do inferno, mas não o verdadeiro amor a Deus ou ao seu filho unigênito, o nosso amado mestre Jesus.
Saibam que quem realmente ama Deus e tem fé no seu amparo divino não teme o diabo. Mas quem vive chamando Deus para combater os demônios que o apavoram e vivem “tentando-o”, este é só um ser emocionado e desequilibrado que ainda não vibra o verdadeiro amor e a pura fé N’Ele, o nosso Criador.
Um abraço fraterno...
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