ENERGIA |
Na Umbanda, os dias e horários de atendimento espiritual variam de casa em casa, de acordo com a linha doutrinária e orientação dos dirigentes espirituais, apesar disto, a forma como se dá a assistência espiritual permanece inalterada desde os seus primórdios.
Nas sessões de consulta pública, as engiras podem ser de Orixás, de Caboclos, de Pretos-Velhos, de Almas (eguns), de Erês, de Baianos, Boiadeiros, Marinheiros, do Povo D’água e de Exús.
As engiras de Orixás ocorrem na passagem das datas festivas em que homenageamos determinado Orixá representados no terreiro por seus chefes de linha e auxiliares. Essas engiras tem uma natureza vibratória distintas das demais e constituem as festividades mais lindas da Umbanda.
As engiras de Caboclos reúne entidades que um dia viveram como índios nas matas brasileiras. Considerados o “braço forte” da Umbanda, são reconhecidamente enérgicos e um tanto autoritários e suas engiras se destinam aos trabalhos de cura, desenvolvimento mediúnico, demandas, descargas, transportes e defumação, onde são utilizados charutos, pemba, entre outros elementos de rito.
As engiras de Pretos-Velhos são muito populares, constituindo ao lado das de caboclo e de Exús, a base de toda a Umbanda. Elas são constituídas por fraternidades de espíritos que um dia serviram como escravos no Brasil. São espíritos humildes, bondosos e, não raro, portadores de um sutil bom humor revelador de sua sabedoria. Os Pretos e Pretas-Velhas são mandingueiros, aplicam passes magnéticos e de descarga, fazem a defumação dos fiéis e do terreiro, para tanto, utilizam-se de cachimbos, fumo, vela, água, flores, entre outros elementos.
As engiras de Almas constituem trabalhos de desobsessão onde os guias auxiliam aqueles que se sentem sob o jugo de espíritos e ofertam preces aos eguns (Almas desencarnadas). Elas são relativamente perigosas para os médiuns, por isso delas só tomam parte médiuns que se destacam por sua experiência e boa conduta.
As engiras de Erês reúnem espíritos que formam no astral uma organização especializada no atendimento espiritual à criança e à família. Podemos sentir as energias harmônicas destas engiras em meio ao ambiente festivo que as caracteriza, onde brinquedos, guloseimas e refrigerantes são distribuídos. Tais engiras são muito procuradas pelos umbandistas para assistência aos mais jovens, mas não são poucos os que as procuram no intuito de confidenciar segredos e obter conselhos, afinal, os Erês, com seu ar ingênuo, sabem de cada uma!
Em geral, as consultas com Erês resultam em pedidos de brinquedos, moedas, doces e refrigerantes como oferendas, que devem ser depositadas em jardins, parques e logradouros floridos.
As engiras de Baianos, segundo estudos, começaram a surgir nos anos setetenta por todo o Brasil. Reginaldo Prandi, pesquisador que visitou 67 terreiros pelo Brasil, sugere que as engiras de baiano são uma forma disfarçada de engira de Exús, ou seja, uma forma que encontraram para trabalhar nas engiras de direita – Ah, esses Exús, sempre dão um jeitinho!
As engiras de Baianos, como o próprio nome sugere, se destinam à passagem de entidades que nasceram e viveram na Bahia, embora encontremos “Baianos”, que relatam ter vivido em outras regiões do nordeste brasileiro. Os Baianos são muito ativos, alegres e falantes e se destacam por serem bons protetores. Conhecem como ninguém as mandingas, os trabalhos dos quiumbas e eguns, por isso, são muito procurados pelos fiéis.
Nas engiras de Boiadeiros, espíritos que um dia viveram nos sertões do Brasil. São um tanto diretos no modo de se expressarem, o que algumas vezes os faz parecer rudes, mas são bons e muito firmes em seus trabalhos. Dão consultas, fazem pequenos trabalhos e participam ativamente da segurança de todos durante os cultos no terreiro e dos médiuns, particularmente quando em desenvolvimento de suas potencialidades mediúnicas.
As engiras de Marinheiros dá passagem a entidades que, um dia, sobreviveram do mar. São marinheiros da armada, da marinha mercante, mestres, arrais, pescadores. Embora muitos Marinheiros sejam espíritos bastante esclarecidos, alguns deles estão sob assistência da Umbanda. Se caracterizam por serem alegres e folgazões, apresentando-se nos terreiros como se estivessem embriagados ou para beber, no que são coibidos pelos dirigentes responsáveis. As engiras de Marinheiros, raramente se prestam a outra finalidade que não sejam consultas, pois os Marinheiros gostam de contar histórias, de dar conselhos, assim é que as suas conversas resultam em boas orientações, entretanto, é sempre prudente pensar o que dizem.
As engiras do Povo D’água reúnem, entre outros seres, as sereias e os elementais da água, especialistas na limpeza astral e psíquica dos filhos de fé e dos terreiros. Quando se apresentam são muito discretas e se fazem reconhecidas por entoar um canto triste e mavioso que deixam os médiuns com os olhos marejados. Quando atuam, o ambiente denota um quê de calma e melancolia.
As engiras de Exús são destinadas a consultas e trabalhos de alta magia. Popularmente chamadas de “trabalho da esquerda”, são sessões perigosíssimas, de caráter restrito, das quais participam apenas médiuns capacitados e convidados. Os Exús e Pombagiras são especialistas no atendimento a demandas pesadas, descargas, desobsessões e anulação de trabalhos de magia realizados por feiticeiros daqui e do além, freqüentemente associados a quiumbas e eguns perversos. Os Exús e Pombagiras utilizam em seus trabalhos de fundanga (pólvora), marafa (aguardente), ponteiros (punhais), tridentes, enxofre, velas pretas e vermelhas, entre outros elementos de magia.
Seja qual for o tipo de engira, a pessoa obtêm ajuda, basicamente, através de passes magnéticos e descarregos, terapêuticas que atendem a problemas espirituais diversos.
No passe, a entidade incorporada remove fluídos negativos e reorganiza o campo energético da pessoa propiciando equilíbrio e bem-estar, algumas vezes, no entanto, é necessário uma série de sessões até que o objetivo terapêutico seja alcançado.
O descarrego se justifica quando há grande carga de miasmas e fluidos deletérios influindo sobre o assistido. No descarrego a entidade incorporada freqüentemente convoca a ajuda de outro médium, que sob influência de outra entidade, aproxima-se do assistido, capta a energia negativa que o envolve, transferindo-a para assentamentos ou fundamentos do terreiro que contenham elementos dissipadores destas energias.
No caso de pessoas sob o jugo de espíritos perversos, a entidade é, sempre que possível, conduzida às mãos de espíritos benfeitores. Outras vezes, por designação superior, ainda que o espírito obsessor não deseje, é conduzido a esferas de contenção no astral, casos em que os Exús participam ativamente.
Saravá.
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