XANGÔ - A FORÇA E EQUILÍBRIO

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quarta-feira, 6 de novembro de 2013

SALVE NANÃ

águas lodosas


Nanã é um Orixá feminino e segundo a tradição, seria mãe de Omulu. É também um Orixá ligado à terra e mais especificamente ao barro, à lama, ou seja , a mistura da terra à água.

Daí já se pode entrever seu significado. Segundo a tradição Yoruba, o barro é o material original do qual o ser humano foi modelado e que no final da vida do ser humano deve novamente ser devolvido à terra.

Ela é mãe e morte ao mesmo tempo, em um ciclo no qual a vida é possibilitada e renovada pela morte. Ao ser lama, ela é mãe da mãe. Por ser Orixá da lama, Nanã também é relacionada com a fertilidade, com a agricultura e com as colheitas. 

A terra é invocada, na tradição Yoruba, sempre como testemunha de juramentos feitos ou de alianças secretras. Vemos em sua dança representar o gesto de pilar o grão ou de amassar o inhame. Propicia a abundância e a prosperidade.

Ainda como divindade da criação, Nanã está associada igualmente à ideia de maternidade e dança, embalando em seus braços uma criança, representada pelo ibirí que ela segura na mão direita. O ibiri é um tipo de cetro, constituído de ramos de palha da costa, isto é de nervuras de palmeira ou de atóri reunidos por uma tira de pano azul claro onde estão costurados búzios, e cuja ponta é recurvada.

Nanã não se irrita facilmente, porém quando ofendida, é implacável e incapaz de recuar. Dizem que ela é rabugenta, como certas pessoas idosas. Sem vaidade, pouco feminina, é uma mulher sem atrativos, de idade indefinida, velha antes do tempo. Falta-lhe fantasia e é incapaz de amar com paixão, mas pode ser carinhosa. 

Por medo de amar, de ser abandonada e de sofrer ela dedica sua vida ao trabalho, à vocação, à ambição social. Pode deixar-se dominar pelo egoísmo, o espírito de ganância, o interesse, avareza. Para outros ela é boa e sábia, maternal com a avó, indulgente e tolerante. Ela serve de mediadora entre os homens e seu terrível (para alguns) filho Omulu ao qual transmite os pedidos dos fiéis. É extremamente trabalhadora, gosta de ordem, de limpeza, exigindo de todos, boas maneiras.

Naná é um Orixá muito discreto, e que gosta de se esconder, por esta razão suas filhas podem ter um caráter completamente diferente do dela. Ninguém desconfiaria que são filhas de Nanã, algumas delas vaidosas e dengosas, mais parecem filhas de Oxum.



CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE NANÃ BURUQUÊ


Não tem senso de humor, o que a faz valorizar demais pequenos incidentes e transformar pequenos problemas em grandes dramas. Ao mesmo tempo, tem uma grande capacidade de compreensão do ser humano, como se fosse muito mais velha do que sua própria existência. Por causa desse fator, o perdão aos que erram e o consolo para quem está sofrendo é uma habilidade natural.

Nanã, através de seus filhos de santo, vive voltada para a comunidade, sempre tentando realizar as vontades e necessidades dos outros. Às vezes, porém , exige atenção e respeito que julga devido mas não obtidos dos que a cercam. Não consegue entender como as pessoas cometem certos enganos triviais, como optam por certas saídas que para um filho de Nanã são evidentemente inadequadas. È o tipo de pessoa que não consegue compreender direito as opiniões alheias nem aceitar que nem todos pensem da mesma forma que ela.

Pierre Verger costumava destacar o lado doce de Nanã: é o arquétipo das pessoas que agem com calma e benevolência, dignidade e gentileza. Das pessoas lentas nos cumprimentos de seus trabalhos e que julgam ter a eternidade pela frente, para acabar com seus afazeres. Elas gostam de crianças e educam-nas talvez com excesso de doçura e mansidão, pois possuem tendências a se comportar com a indulgênciadas avós. Agem com segurança e majestade. Suas reações bem equilibradas e a pertinência das decisões mantêm-nas sempre no caminho da sabedoria e da justiça.


Saravá.

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